quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Fim de Ano

Esses dias eu, Jonnas, estive pensando sobre como com o passar mudamos. Nunca somos iguais ao que éramos a meio segundo atrás. Simplesmente porque a meio segundo atrás "éramos", não "somos", até porque a meio segundo atrás já é passado e o passado é apenas uma análise do futuro de quem já está no presente, isto é, o passado já foi futuro, assim como o presente. E o futuro sem dúvida um dia virará passado, assim como o presente. Dessa forma, vivemos para o passado, vivemos as coisas somente para depois nos recordar delas. Afinal qual seria a graça de ir a Fernando de Noronha e depois esquecer que foi?
Às vezes acontece de querermos esquecer o passado simplesmente para poder vivê-lo de novo, assim como às vezes acontece de querermos esquecê-lo só porque NÃO queremos vivê-lo. Ler um livro e logo após esquecê-lo só seria bom porque depois você teria a mesma emoção em lê-lo novamente.
Tudo é o fim. Não sabemos se no próximo segundo virá uma bala perdida e atravessará o nosso insípido peito. Então é fim de ano e, mais do que nunca, devemos nos esquecer do passado ruim e lembrar-se somente do bom. Afinal, tudo é o fim e ninguém sabe o que virá.
Que droga! acabou o tempo...

(Jonnas P. Silva)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Simplório Engano

Não apago os versos no caderno,
Errantes versos que acreditaram em um futuro incerto.
Mas que culpa os tem?

A poesia é maior, ultrapassa os limites do tempo,
Porque não superar um errônio sentimento?

Você foi o maior dos meus muitos enganos
Versos tortos de um poeta,
Desatina as lágrimas da chuva sem hora certa.

Vou lembrar-me deles como
Tristes os felizes momentos,
Que comprovam a antítese no futuro corrente.

(Luiz Felipe de Castro)




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boa leitura...

Poemas de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas, pretas, amarelas.
Para que tanta perna? Meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos não perguntam nada.
O homem atrás do bigode é sério, simples e forte.
Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste?
Se sabias que eu não era Deus? Se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo.

De Alguma poesia (1930) Carlos Drummond de Andrade