quarta-feira, 12 de março de 2008

Medo...

Caro Luís,
Pelo menos pra mim, sua idéia está completamente errada desde o início. Desde quando você diz: "Deus criou o homem". Venho sim tentar convencer o leitor de que Deus existe. Isso mesmo, existe. Sei que nunca vou conseguir, pois como diz um grande profesor meu: "o consolo do ateu é que o crente nunca vai provar que Deus existe, assim como o consolo do crente é que o ateu nunca vai provar que Deus não existe". Quero também dizer que não é Deus, é deus.
No entanto, vou esperar que nossos tímidos leitores também comentem...

(Jonnas P. Silva)

terça-feira, 11 de março de 2008

Pútrio Paradoxo

Não venho aqui com o intuito de provar a existência de “Deus”, esse não é e nem será meu objetivo. Nunca quero que tomem como irrefutável meu ponto de vista, afinal, "todo ponto de vista é à vista de um ponto". E por último, aos vermes pútridos da mediocridade residual que interpolam uma vida sem mistificação, amarras, mistérios.S em sentido afinal. Eu vos imploro: não sejam tão “ingênuos”!
Com essas considerações iniciais, já posso prevenir o leitor que venha a descarnar minhas palavras.
O ser humano fisicamente é muito complexo e perfeito. Pegando-o como parâmetro de comparação, até parece ridículo, as demais invenções da Terra. Realmente é cômico, pois chega a ser como comparar Deus ao homem.Veja só, o homem inventa um veículo auto-motor para o seu transporte, todo o seu funcionamento está baseado no seu próprio criador. O seu projetor, para viver, precisa se recarregar com alimentos orgânicos. O automóvel também. Funciona por base de gasolina, um combustível produzido por meios orgânicos. As coincidências não param por aí. Assim como tem pessoas que não comem carne vermelha e aderem a uma alimentação vegetariana, existem carros que funcionam por diesel, álcool, gás, eletricidade e etc. No homem há um órgão que rege indispensavelmente os demais. No carro é o motor, irrevogável aos outros aparelhos. Se continuasse as comparações não caberia mais nessa folha. Quero que percebam que o homem cria máquinas para facilitar, auxiliar, substituir suas funções, no entanto, baseado em seu próprio funcionamento operacional, com finalidades definidas.Aí reside a grande chave do meu questionamento. Na bíblia está escrito "Deus fez o homem sua imagem e semelhança", assim como nos fazemos com os nossos homens (máquinas), porém, a gritante diferença é que sabemos sua finalidade. Justamente por não conhecer o porque da nossa existência, não se pode considerar a falta de um Deus. O ateísmo, então, chega a nossos olhos como um paradoxo do ego(inteligência) com o Eu (alma). Ou seja, em termos, uma “burrice”.


(Luiz Felipe de Castro)
Pronto Jonnas, o primeiro texto do Multiálogo está feito. Agora é tua vez.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Aviso - Multiálogo

Olá, leitores e leitoras, landys and gentleman. Antes do início das aulas, nas férias (dââ), eu e o Luiz pensamos em inovar o Blog. Para isso, dispunhamos somente do teclado e com ele só se podia escrever. Mas escrever remete a muita coisa. Diante de uma folha em branco, você é Deus. Com lápis e papel você pode criar um universo inteiro onde você é o rei. Destroi, constroi, reconstroi, em outras palavras, cria. Também pode criticar. Pode comentar um mundo que já existe. Sua contribuição para alguma mudança nele pode ser grande, caso você escreva sobre coisas grandes, ou pequenas, caso você só pense no Big Brother. Você pode ir mais além. Não só comentando como criando uma saída para um mundo melhor. No entanto, esse mundo melhor só será aceito por outros se e somente se for também um mundo melhor para estes outros. Isto é, uma andorinha só não faz verão. Você precisa ser mais amplo, não pode mudar o mundo sozinho, porque tudo é o resultado de milhões de ações feitas independentemente, mas que levaram àquela situação. Independentemente. Não existe destino, pois existe livre arbítrio. Então, aí está o supra-sumo da escrita: comentar criando. Discutir. No entanto, não queríamos fazer isso; queríamos algo separado. Por isso, criamos e multialogaremos.
Criamos o romance (que aliás nem sabemos ainda o nome) e continuamos criando. Max, Lipe, Gui, Letícia... Todos são obras de duas mentes e dois teclados, ou até mais, pois escrevemos em lans. Essa é a criação. Eis o multiálogo:

O que é o multiálogo? Di-álogo é o debate entre duas pessoas. Multi-álogo é o debate entre mais pessoas.
E quem irá debater, além de você dois? Vocês, leitores.
Como assim nós? Bom, embaixo de cada texto nosso há um link com a seguinte inscrição: x críticas. Basta clicar nela que você abre sua folha de papel em branco e tem um teclado a mãos. Basta mexer os dedos e queimar a cuca. Como iremos discutir? Bem, vai ser parecido com o romance. Eu (Jonnas) escrevo um texto expondo idéias e teorias de um certo assunto e o Luiz vem e, sempre antagônico, levanta idéias contrárias para rebater minha teoria. Aí entram vocês que, a cada texto, vão nos ajudando a erguer nossos argumentos, apresentando os de vocês. Dessa forma, em nossos textos ficarão refletido tantos pensamentos meus e do Luis quanto de quem estiver disposto a comentar. O que acharam?
Quando nós começamos? Basta aguardar. No entanto, se quiseram já ir se exercitando comentem este texto, dizendo o que acharam da idéia e se vão participar.

Para animar: O primeiro assunto é simplesmente Deus. Eu serei o ateu e o Luiz será o crente.

Até mais.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Cap. 9 - Branca, Desgastada, Suja E Em Alta Velocidade

Estava de novo na escola de que tantas vezes quis sair à todo custo. Isso era estranhamente prazeroso. Era a primeira vez que Max queria entrar, estava gostando de entrar. Ou ele não lembrava de nenhuma outra. Era uma grande escola, sem dúvida. E também uma escola grande. Estuda nela desde o maternal ou, como ele costumava dizer, desde sempre. Aquele portão vermelho. Aquela cantina, que já foi muito diferente. Aquela, ou melhor, aquelas quadras. As próprias salas. A evolução. Do térreo ao segundo andar. Do fácil ao difícil. Do básico ao sofisticado. O Colégio das Irmãs era a sua escola e se oferecessem a ele qualquer outra a resposta dele seria curta, de três letras: não.

Antes de falar com os amigos iria conferir em que sala ele e Felipe tinham ficado. A listra sempre ficava colada na parede à esquerda de quem entrava. O segundo ano do ensino médio normalmente era dividido em cinco classes. Max sempre ficava entre as últimas. E, F, D, até G... Ele, Lipe, Guilherme, Saulo, Gustavo, Henrique e todo o pessoal do grupinho deles sempre ficavam na mesma classe, além das meninas. Letícia, que Max conheceu na sexta série (sétimo ano), ficava nas primeiras séries, ou melhor, sempre na primeira, o A (dââ). A forma com que Max a conheceu foi a mais "romântica" que um homem e uma mulher poderiam ter se conhecido, ou melhor, que um menino e uma menina poderiam ter se conhecido...

Era uma sexta-feira, num setembro qualquer. Eis que a menina mais doce do colégio, como Max gosta de dizer, estava saindo do banheiro correspondente acompanhada de Luna (sua melhor amiga, pois uma mulher nunca vai ao banheiro sozinha) quando de repente uma bola de futebol branca, desgastada, suja e em alta velocidade, atinge em cheio o rosto delicado da menina que tinha acabado de sair do banheiro. O momento foi de silêncio. Silêncio na quadra do Colégio das Irmãs onde estavam jogando Saulo, Henrique, Guilherme, Lipe e também um certo Max que acabara de dar um passe errado e chutar uma bola branca, desgastada, suja e em alta velocidade na direção do banheiro das meninas. Que acertou em cheio o rosto da menina mais doce do colégio. Ela ergueu o rosto vermelho e, choramingando de raiva ou dor, lançou olhares furtivos a quadra em frente a fim de localizar o remetente daquela bola. Olhou de uma trave a outra e, como se tivessem adivinhando o seu objetivo, todos que estava naquela apontaram para um certo menino forte, que disse:
- Desculpa.
Silêncio. Letícia fitava intensamente aquele garoto na quadra.
- Foi sem querer. Juro! - trêmulo, Max dizia.
Letícia vacilou por um momento e de repente caiu. Desmaiou.
Todos ficaram apavorados e correram em direção a menina que acabara de cair. Todos, exceto um. Max estava tão apavorado que não conseguia se mexer. O medo lhe feria não pela bronca que iria ouvir ou mesmo por uma expulsão que poderia receber, mas pelo fato de ter acabado de fazer desmaiar a menina com o rosto mais doce que um dia avistara. "E se eu tiver matado ela?", "E se ela ficar doente para sempre?", "Ou pior, se ela nunca quiser falar comigo por isso?". Tais questionamentos lhe vinham à cabeça como bombas foram a Hiroshima. Além de Max, outro garoto também havia ficado parado no meio da quadra, só que olhando para seu amigo que estava com uma cara arrasada. Lipe caminhou em direção a Max e, tocando em seu obro, lhe disse com toda a franquesa que um amigo pode expressar:
- Tu tá lascado.
- Tô mesmo. E agora?
- Agora ela vai ser levada pro hospital e vai ficar muitos dias lá. Todos vão culpar você. E os pais dela vão te odiar pra sempre. E ela também.
- E se ela tiver morrido?
- Acho que você não tem um chute tão forte. Mas se eu fosse você me esconderia.
- Não. Não sou covarde. Prefiro apodrecer na cadeia. Será que lá é ruim?
- Muito ruim. Eu tenho um tio...
Lipe foi interrompido pela campainha do colégio.
- Vamos pra sala? - Lipe mesmo disse.
- Vamos.
Começaram a caminhar.
- Ei, você sabe quem ela é? - indagou Max.
- O nome dela é Letícia, eu acho. Ela é da sexta A.
- Como você sabe?
- Eu gosto de me manter informado. - Lipe adorava dizer isso.
- É o primeiro ano dela aqui? Ela é novata?
- Parece que é. Nunca tinha visto ela aqui antes.
- Ela é legal?
- Sei lá. Nunca falei com ela. Sabe, eu pensei numa forma de você não se sentir tão mal, de você se safar...
- Como?
- Pede desculpas.
- Mas eu já pedi!
- Não, a sós. Só você e ela.
- Hum... não sei não.
Já estavam chegando na sua sala.
"EITA, TÁ TÁ TÁ!!! EITA, TÁ TÁ TÁ!!! O MAX VAI SE LASCAR!!!"
Toda a sala gritava em uníssono.
Uma garota desmaia em pleno recreio no meio de todos. Não é todo dia que acontece. E não é todo menino que tem o azar de ser o responsável. Max, pelo menos ao que pensava, estava lascado mesmo.
"EITA, TÁ TÁ TÁ!!! EITA, TÁ TÁ TÁ!!! O MAX VAI SE LASCAR!!!" - o coro continuava.
No entanto, antes que qualquer um se aproximasse de Max e lhe dissesse o quanto ele estava encrencado de novo, a professora chegou. Fez um chiiiiiiiiiiiiiiiii que fez com que todos ali presentes se calarem.
- Silêncio. - ela ordenou - Max, a Irmã Maria - que era a diretora naquela época - está lhe chamando na coordenação.
- Ok... - ele disse, imaginando se iria ser queimado vivo, levado a forca ou mesmo esquartejado e dado aos cães.
- Psiu! - o som veio da professora - Não se preocupe.
Foi realmente relaxante para Max, que, saindo da sala, dirigiu-se a secretária. No meio do caminho, começou a pensar no que iria dizer, pois com certeza iriam lhe acusar de assassinato. "Que é que eu vou fazer?".
Quando chegou estavam na sala de entrada, com alguns sofares para se sentar, um casal, que Max imaginou ser os pais de Letícia, a Irmã Maria, como sempre, com uma cara de poucos amigos (na verdade, nenhum!) e Letícia.
- Oi - Max disse. Houve um momento de silêncio - Desculpa, eu não queria, por favor não me matem. Eu sou muito jovem pra morrer. - já estava chorando - a bola foi sem querer. Eu não queria acertar ela. Eu faço o que vocês qusrem. Eu juro!
- Ei, ei, ei! - o homem lhe chamou a atenção - Não se preocupe. Não aconteceu nada. Ela só teve uma queda de pressão na hora. Nem foi por causa da bola... Pare de chorar. Ela te desculpa. Não é Leti?
- Hum Rum. Mas da próxima vez presta mais atenção, viu? Doeu. - a voz era um canto. Um encanto.
- Tá bom.
Daí em diante, todos os dias eles se encontravam no recreio. Sempre com uma troca de ois. Entretanto, no final da oitava série (nono ano), os seus laços se afirmaram e ele teve coragem de chamá-la para sair. Mas recebeu um meigo e destruidor não. Ficou arrasado. Mas Letícia estava afim. Nem mesmo ela soube responder porque não correspondeu ao pedido. Ou não quis. Não obstante, Max teve a coragem de pedir novamente, mas dessa vez não houve recusa.

Álvaro Dias, ..., Carol Calcanhoto, ..., Fábio Sabino, Fausto Heleno, Gustavo Gregório... "Ei, cadê o Lipe?"; releu aqueles nomes algumas vezes para reconhecer que Felipe não estava incluido naquela lista organizada em ordem alfabética. "Bom, então eu também não devo estar nessa sala (a E)...". No entanto... Jonatas Felipo, Leandro Mateus, Maximillian Caminha... "MAXIMILLIAN CAMINHA? Isso é impossível. Fomos separados! Espera! Sem desespero. Ele pode mudar de sala." pensou esperançoso Max, no entanto... obs.: Este ano não será permitida mudança de classe por parte dos alunos. A diretoria. "O QUÊ? Como eles podem me separar do Lipe? Nós, que somos a história desse colégio!? Será que o Lipe já sabe?"...
- O QUÊ? - Lipe gritou de raiva - Isso não pode ser. Você tem certeza?
- Claro. Eu li a lista no mínimo sete vezes! A não ser que haja outro Maximillian Caminha no colégio.
- Eu acho que não. E em que sala eu estou?
- Nem sei. Nem olhei.
- Cara, basta que o Lipe vá onde a cordenadora e peça pra mudar de sala - Gui se manisfestou diante da perplexidade e arraso dos amigos.
- Isso é o pior. Não pode mais mudar de sala! - Max disse.
- QUÊ? - Lipe e Gui gritaram em uníssono.
- Pois é.
- Ei, o que aconteceu com a diretora pra fazer isso? Eu quero quebrar a cara dela. Deus me perdoe, porque a irmã Maria nunca iria fazer isso. - Gui disse.
- Você não soube? - Lipe, com um ar de "sei-tudo-e-você-não", indagou a Gui.
- O quê?
- A Irmã Maria morreu. - quem falou foi Max.
- Como?! - Gui.
- Ela foi encontrada lá em cima, no quarto dela, em cima da cama, aparentemente dormindo, só que quando foram acordá-la, ela simplesmente não acordou. Estava morta. Fria, olhos ainda abertos. Com a bíblia sagrada nas mãos. Em latim. - Lipe contemplou as próprias palavras, orgulhoso.
- Nossa, e como você sabe tudo isso? - Gui.
- Bom, eu gosto de me manter informado.
A campainha soou:
Diiiiiiiiiimmmmmmm!!! E mais:
O Colégio Sagrado Coração de Jesus gostaria de informar que, antes do início do ano letivo efetivamente, haverá uma reunião na sala de "Multimails" do colégio com os alunos do ensino médio, à começar a partir das 7:10 am., a fim de informar algumas mudanças na estrutura administrativa do colégio e dar boas vindas aos que chegam agora. Aos alunos novos, vão ser guiados pelos monitores, que estão vestidos de branco Desde já, agradecemos a companhia de todos.
A voz era estrondosa como o canto mais grave de um leão ao mesmo tempo em que era reconfortante.
- Eu conheço essa... - Max foi interrompido por Lipe:
- Mudaram a música de novo. Eles vão anunciar a nova diretora da escola. Provavelmente será a Irmã Benta.
- É, ela é a mais velha. - Gui presumiu. - que horas são?
- 6:55. - Lipe respondeu - Vamos indo? Pra garantir um lugar na frente.
- Não. Eu quero ficar lá atrás. Nem quero saber quem é essa nova diretora nojenta - Max, que depois da campainha havia ficado calado, pensativo, se pronunciou.
- Eu num vô lá agora também não. Acho que nem vai caber todo mundo lá mesmo. A não ser que tenham reformado a sala de Multimails. Ei, tô indo procurar os caras. Falou! - Gui.
- Falou! - disseram Lipe e Max juntos. E Gui se foi, ficando só Lipe e Max.
- Ei, bora lá pra trás, Lipe. Pára de ser certinho! -
- Tá bom eu vou, mas só se for agora. Senão nós não vamos caber, mesmo sentando lá atrás.
- Okay.
Atravessaram as duas quadras subiram as escadas e chegaram a uma sala que mais parecia uma sala de cinema, com cadeiras que se erguiam para o fundo e um pequeno palco na frente. No entanto fora reformada. Estava bem maior. O "pauco" estava bem maior agora. As cadeira em maior quantidade. A sala de aula que ficava ao lado da Multimails foi eliminada e tomada por esta. Já havia um bom número de pessoas lá dentro, inclusive alguns conhecidos de Max e Lipe. Ambos acenaram e se dirigiram ao fundão. De lá dava pra ver todo o salão. No palco, ao que Max pôde ver, estavam algumas freiras, alguns professores que ele já conhecia, alguns outros que ainda não, outras pessoas que presumia serem novos professores, além de alguns funcionários.
- 7:09. Já vai começar - disse Lipe.
No mesmo momento um grande número de pessoas entrou na sala e ocupou o que restava de acentos. Então começou um barulho infernal de centenas de jovens conversando bobagem e dizendo coisas do tipo: "Como foi de férias?", "Ah, fui bem e você?", "Também. Pegou muitos gatinhos?"... Mulher só pensa em homem. A recíproca também é possível.
Todos os presentes no palco sentaram-se em cadeiras dispostas no mesmo palco. Uma certa freira baixinha e de oclinhos meia-lua tomou o microfone e de repente todos calaram-se.
- Bom dia! - ela disse.
- BOM DIA! - todos responderam.
...

(Jonnas P. Silva)
Te Vira!