quinta-feira, 10 de abril de 2008

Surpreendente Reencontro

O sol irradia irrefutável, indômito, no seu lado oeste, o dia. A luz, ao amanhecer, é o triunfo que faz a cada novo dia-a-dia, um feliz e desafiador dia.
Almeida é um fiel escudeiro desses complexos raios. Todas as manhãs acorda pelos feixes transcendentes, cortando-lhe as retinas fatigadas. Antes de ir à Secretaria de Finanças da cidade para exercer seu ofício de segurança, pára na tradicional “Marapuã”, uma cordial lanchonete próxima a sua moradia.
Exímio cliente é sempre o primeiro a comprar a ficha de acesso ao seu legítimo e amargo cafezinho. Após aquela parada costumeira, segue os passos apressados da sua rotina.
Almeida não é das pessoas mais amáveis. No seu trabalho, é conhecido como “Brutus”, pela forma como trata seus companheiros. Usa constantemente da insolência, aspereza, com seu porte físico, alto, robusto, forte, para atingir seus objetivos. Há um bom tempo vem passando dificuldades, com o pouco que ganha, em função do elevado custo de vida nas capitais brasileiras. Com isso, vai a busca de solução em uma agência de empregos.
No local desejado, encontra-se uma gigantesca fila a qual fura cinicamente. Pelo seu tamanho e a cara de mal-humorado, ninguém se atreve a interrompê-lo.
Ao chegar sua vez, é indicado a uma entrevista no dia seguinte, cedo da manhã, para ser vigia de cemitério. O salário não é lá essas coisas, mas ajudaria bastante na sua renda.
Os indômitos raios de sol dessa vez não eram tão indomáveis assim. Deram lugar a um céu nublado, cinzento, de nuvens escuras. Elas pareciam estressadas, enfurecidas com algo.
Almeida, como o irrefreável dia, não estava tão feliz assim, a entrevista de logo mais o preocupava. Ao dirigir-se à rotineira Marapuã, algo inesperado aconteceu: uma vultosa fila para comprar a ficha de acesso ao cafezinho. Pela extensão, parecia não dar tempo de degustar seu pretinho insubstituível, mas mesmo assim, decidira ficar ali. Afinal, o que eram alguns minutos de atraso?
Já há um bom tempo naquela inóspita fila, um homem instiga a sua atenção, franzino, baixo, de semblante calmo e passivo, localizava-se à sua frente. Pelo arquétipo do rapaz, não poderia lhe causar incômodo. Assim sendo, passa à sua frente e profere as seguintes palavras:
- Fica calado, pô! Vou tomar meu café, tô atrasado.
- Mas senhor, tenho compromisso, diz o sujeito indignado.
- E eu com isso? Vou tomar o meu café e ponto. Se estiver a fim de engrossar, vai sentir o peso do meu punho.
Degustou o eminente café e seguiu ao cemitério. Chegando ao local, para sua surpresa, já havia vários candidatos à espera do administrador, o qual estava bem atrasado. A zeladora olhando na direção da porta principal do local avista seu chefe e fala:
- Senhor Horácio, esses rapazes estavam me deixando louca.
Almeida, ao olhar naquela direção, sentiu seus nervos trincarem. Uma angústia profunda no peito e o embaraço nos olhos úmidos e agora taciturnos, evidenciam seu espanto: o homem à porta era o modesto moço o qual ele tão covardemente tomou o lugar na fila.



(Luiz Felipe de Castro)

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do conto..
Me admira a extensão vocabular...
Este texto demontrou claramente a necessidade das gentilezas DIÁRIAS..

Parabéns!

Jonnas P. Silva disse...

Pobre!
Apesar do vocabulário peculiar, sua idéia é velha. Seu texto não traz nenhum atrativo, seja gramaticalmente, seja semanticamente. O texto seria bom se fosse único. Entretanto, há n desses textos espalhados por aí...
Mas tem uma ótima linguagem.
Jonnas

Anônimo disse...

Tudo bem Jonnas.Fico feliz pelo seu comentário, apesar de não concordar muito com ele.Queria resaltar que a minha intenção ao escrever-lo não foi revolucionar a literatura, nem conseguir algum prêmio com esse conto.Apenas quis retratar no papel uma idéia que permeou em minha mente.